Entenda a Diferença Entre a Cirurgia de Catarata Pelo SUS e a Particular

Catarata Pelo SUS

A cirurgia de catarata feita pelo SUS é gratuita, porém enfrenta filas extensas, enquanto a versão particular oferece mais agilidade, tecnologias modernas e lentes personalizadas — com custos que podem ultrapassar R$ 15 mil por olho.

A resposta é direta, mas o contexto é amplo. A decisão entre utilizar o Sistema Único de Saúde ou pagar pela rede privada envolve fatores como tempo de espera, tipo de lente intraocular, tecnologia cirúrgica e acompanhamento pós-operatório.

Para fazer uma escolha consciente, é necessário entender não apenas os custos, mas também os impactos na qualidade visual e na vida cotidiana. A seguir, destrinchamos os detalhes com profundidade, dados atualizados e perspectivas clínicas.

O que é a cirurgia de catarata?

Catarata Pelo SUS
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A catarata é a opacificação progressiva do cristalino, estrutura responsável pela focalização da luz nos olhos. Essa perda de transparência dificulta a visão e tende a piorar com o tempo, especialmente em pessoas acima dos 60 anos.

A única forma de tratamento eficaz é a cirurgia, que remove o cristalino opaco e o substitui por uma lente intraocular (LIO).

Características da cirurgia:

  • Procedimento ambulatorial (sem internação).
  • Duração média: 15 a 30 minutos.
  • Recuperação gradual: de 7 a 30 dias.
  • Alta no mesmo dia.
  • Retorno visual significativo.

Diferenças principais entre cirurgia de catarata pelo SUS e particular

Para entender com mais profundidade as nuances entre os procedimentos oferecidos pelo sistema público e pela rede privada, conversamos com o oftalmologista Dr. Aron Guimarães, um dos principais especialistas em cirurgia de catarata no Brasil, que atende pela Clínica Vizon.

AspectoCirurgia pelo SUSCirurgia Particular
Custo para o pacienteGratuitoR$ 4.000 a R$ 15.000 por olho
Tempo de esperaMeses ou anosDias ou semanas
Lentes intraoculares (LIOs)Básicas (monofocais)Multifocais, tóricas, trifocais, premium
Tecnologia cirúrgicaFacoemulsificação convencionalFemtosegundo, laser guiado, IA
Acompanhamento pós-op.Limitado à rede públicaIndividualizado, com mais exames
Capacitação médicaProfissionais experientes, mas com limitaçõesAcesso a tecnologias e treinamentos internacionais

Tempo de espera: o maior desafio da rede pública

SUS: filas longas e regulação demorada

A fila para cirurgia de catarata no SUS pode variar muito conforme o município. Em regiões mais populosas, o tempo de espera pode ultrapassar 12 meses, chegando a dois anos em locais com pouca oferta cirúrgica.

Motivos para a demora:

  • Alta demanda e escassez de centros cirúrgicos especializados.
  • Pouca frequência de mutirões oftalmológicos.
  • Prioridade para casos mais graves.
  • Processos burocráticos na regulação.

Rede particular: agilidade e autonomia

Na rede privada, o paciente pode realizar os exames pré-operatórios, escolher a lente intraocular e marcar a cirurgia em até uma semana. Essa agilidade atrai principalmente pessoas com atividades profissionais, motoristas e pacientes com queda acentuada de visão.

Tipos de lentes intraoculares: como elas impactam o resultado?

Lentes oferecidas pelo SUS

A rede pública disponibiliza apenas lentes monofocais, que corrigem a visão para longe. Isso significa que o paciente ainda precisará de óculos para leitura e tarefas de perto após a cirurgia.

Opções no setor privado

Na rede particular, o paciente pode escolher entre diversas lentes:

  • Multifocais: visão para longe e perto sem óculos.
  • Tóricas: indicadas para astigmatismo.
  • Trifocais: nitidez em todas as distâncias.
  • Premium personalizadas: desenvolvidas com mapeamento digital.

Comparativo de LIOs:

Tipo de LenteCorrige Visão ParaIndicada ParaDisponível no SUS
MonofocalVisão de longeMaioria dos pacientesSim
MultifocalPerto e longeQuem busca independência visualNão
TóricaAstigmatismoPessoas com córnea irregularNão
TrifocalLonge, intermediária e pertoProfissionais ativos, leitura frequenteNão
PersonalizadaAdaptada ao olho do pacienteAlta performance visualNão

Tecnologia cirúrgica: o que muda entre os sistemas?

SUS: técnica segura, mas básica

A cirurgia pelo SUS é realizada com a técnica de facoemulsificação com ultrassom, um método consolidado, seguro e eficaz. No entanto, ela exige incisões manuais e depende mais da destreza do cirurgião.

Rede privada: o que há de mais moderno

No sistema particular, clínicas especializadas oferecem:

  • Laser de femtosegundo: cortes automatizados e alta precisão.
  • Mapeamento topográfico tridimensional: cálculos personalizados de lente.
  • Sistemas de navegação assistida: com inteligência artificial.
  • Ambientes com esterilização robótica e salas limpas.

Essa tecnologia proporciona recuperação mais rápida, menos trauma e resultados visuais superiores.

Acompanhamento pós-operatório: atenção que faz diferença

SUS: consultas limitadas

O paciente pelo SUS costuma ter 1 ou 2 retornos pós-operatórios. Casos complexos podem enfrentar dificuldade de agendamento, especialmente em cidades com poucos oftalmologistas.

Particular: acompanhamento contínuo e especializado

Na rede privada, o cuidado após a cirurgia é contínuo:

  • Exames como OCT, tonometria, topografia corneana.
  • Ajustes de grau, se necessário.
  • Revisões frequentes ao longo dos 6 primeiros meses.

Custo-benefício: mais do que uma questão financeira

SUS: acesso universal e gratuito

Para quem não pode pagar, o SUS é a única alternativa. O serviço é eficaz e garante acesso ao tratamento da catarata, ainda que com limitações.

Particular: investimento em qualidade visual

Embora o custo varie bastante, a cirurgia particular entrega benefícios como:

  • Agilidade no atendimento.
  • Tecnologia de ponta.
  • Personalização do procedimento.
  • Resultados otimizados.

Pacientes que exercem atividades que exigem alta performance visual (profissionais da saúde, professores, motoristas) tendem a optar pela rede privada devido à nitidez e independência de óculos.

Nível de consciência: como escolher entre SUS e particular?

Antes de decidir, o paciente precisa entender seu próprio nível de necessidade. Isso envolve:

  • Impacto da catarata na rotina diária.
  • Expectativa visual pós-operatória.
  • Possibilidades financeiras.
  • Urgência no tratamento.

Perguntas-chave para tomar a decisão:

  • Posso esperar meses ou preciso da cirurgia com urgência?
  • Estou disposto a usar óculos após a cirurgia?
  • Tenho condições de investir em uma lente personalizada?
  • Há bons centros públicos ou privados na minha cidade?

Avanços e tendências para 2025: o que há de novo?

Setor privado

  • Lentes com tecnologia de filtro de luz azul para proteção ocular digital.
  • Uso de inteligência artificial para cálculo da lente ideal.
  • Realidade aumentada na sala de cirurgia.
  • Procedimentos robóticos de suporte ao cirurgião.

Setor público

  • Expansão de mutirões oftalmológicos em todo o país.
  • Treinamento avançado para médicos residentes em hospitais-escola.
  • Parcerias público-privadas para reduzir filas.

Mutirões de catarata: como funcionam e onde ocorrem?

Em várias regiões do Brasil, estados e municípios organizam mutirões de catarata em períodos específicos, permitindo que centenas de pessoas sejam operadas em poucos dias.

Características dos mutirões:

  • Realização em hospitais públicos ou estruturas móveis.
  • Avaliação clínica em massa, triagem e cirurgia no mesmo evento.
  • Apoio de voluntários, ONGs e equipes universitárias.

Planos de saúde: alternativa intermediária

Para quem não deseja esperar pelo SUS, mas também não pode custear a cirurgia particular, os planos de saúde representam uma opção viável.

Prós:

  • Redução no tempo de espera.
  • Cobertura total ou parcial da cirurgia.
  • Rede credenciada de clínicas e hospitais.

Contras:

  • Nem sempre oferecem lentes multifocais.
  • Pode haver carência contratual.
  • Tecnologias de ponta nem sempre disponíveis.

O futuro da cirurgia de catarata no Brasil

A tendência é de aumento da demanda devido ao envelhecimento populacional. As autoridades de saúde pública já trabalham com metas para ampliar o número de cirurgias e reduzir a cegueira evitável.

Objetivo da OMS: eliminar a cegueira por catarata até 2030 como uma das principais metas globais de saúde ocular.

qual é a melhor escolha para você?

Se você precisa operar com rapidez, deseja alta qualidade visual e não quer depender de óculos, a rede privada é a melhor opção. No entanto, o SUS continua sendo uma alternativa segura, gratuita e eficaz para milhões de brasileiros que não possuem recursos para tratamentos particulares.

Resumo estratégico para decisão

Situação do PacienteMelhor Opção
Catarata moderada e visão funcionalSUS, com acompanhamento contínuo
Queda acentuada de visãoParticular ou plano de saúde
Busca por resultado sem óculosParticular com lente multifocal
Limitações financeirasSUS, com mutirões e regulação